CNT destacou impactos dos eventos extremos e apontou caminhos para fortalecer o setor

Na segunda semana da COP30, em Belém (PA), o Sistema Transporte marcou presença na Blue Zone com contribuições relevantes em três painéis realizados nos dias 17 e 18 de novembro. Um deles ocorreu no Pavilhão Internacional do Transporte, e os outros dois, no Espaço CDRI (Coalition for Disaster Resilient Infrastructure), reunindo representantes do governo, do setor privado e de organizações internacionais em torno da agenda de infraestrutura resiliente.

Espaço Transporte na COP30

No painel Infraestrutura Resiliente, realizado no dia 18, a CNT e a CDRI promoveram um debate técnico sobre os desafios climáticos enfrentados pelo setor. O evento foi realizado no Pavilhão Internacional do Transporte. A gerente executiva ambiental da CNT, Erica Marcos, esteve ao lado de Ede Ijjasz-Vásquez, autor do Global Infrastructure Resilience Report 2025, para discutir os impactos dos eventos extremos e os caminhos para fortalecer a resiliência da infraestrutura de transporte.

Erica apresentou os resultados da Sondagem CNT sobre Resiliência Climática e revelou um dado alarmante: 77% das empresas afetadas financeiramente utilizam recursos próprios para cobrir danos causados por eventos climáticos extremos no Brasil. A exposição detalhou os impactos operacionais, econômicos e estruturais que afetam diretamente a continuidade das atividades transportadoras, com destaque para atrasos, perdas de ativos e interrupções de operação. Ela enfatizou que os efeitos das mudanças climáticas “não são mais uma previsão futura, mas, sim, uma realidade presente que exige respostas urgentes”.

A apresentação também apontou caminhos para ampliar a resiliência do setor. Erica defendeu investimentos em engenharia adaptativa e soluções baseadas na natureza, além da expansão da rede de monitoramento e da capacitação técnica das equipes. Um dos pontos centrais foi a necessidade de desenvolver produtos de seguros compatíveis com riscos climáticos, já que modelos tradicionais não contemplam perdas decorrentes de desastres naturais. Ela ressaltou que se adaptar “é mais barato do que arcar com os prejuízos” e que o Brasil precisa alinhar seus projetos de infraestrutura às exigências dos financiadores internacionais. “É urgente integrar tecnologia, governança e planejamento climático para garantir a continuidade das operações e a segurança logística do setor de transporte em um cenário de intensificação dos eventos extremos”, afirmou.

Ede Ijjasz-Vásquez apresentou os achados do relatório lançado pela CDRI. A publicação propõe uma abordagem aberta e integrada para estimar perdas causadas por desastres naturais, baseada em modelos probabilísticos semelhantes aos utilizados por seguradoras. Ele defendeu que o setor de transporte incorpore resiliência desde o planejamento, com manutenção preventiva, contratos transparentes e retrofits bem estruturados. Também destacou a importância da reconstrução rápida e do uso de mecanismos financeiros ágeis, como seguros e fundos catastróficos, para garantir respostas eficientes em situações críticas. “A reconstrução rápida e completa após desastres é essencial para o crescimento econômico. As agências de transporte devem assumir esse papel com protagonismo”, afirmou.

A fala foi complementada por Maruxa Cardama, secretária-geral da Slocat Partnership, que reforçou a importância das parcerias público-privadas em pontos logísticos estratégicos, e por Thiago Casagrande, do Ministério dos Transportes, moderador do painel, que destacou alternativas como títulos de catástrofe e a necessidade de renegociar contratos para incluir cláusulas de resiliência.

Espaço CDRI: adaptação climática em debate

Também no dia 18, o painel “Da Visão à Ação: aproveitando a DRI para estratégias nacionais robustas de adaptação” reuniu especialistas para discutir como integrar a infraestrutura resiliente às estratégias nacionais de adaptação climática. Erica Marcos voltou a apresentar os dados da Sondagem, citando exemplos como enchentes e rios que deixam de ser navegáveis, além de sugerir avanços em conectividade tecnológica e mapeamento de áreas de risco.

O encontro contou com as participações de Lincoln Muniz Alves, coordenador-geral do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e de Tomé Barros Monteiro de França, secretário executivo do Ministério de Portos e Aeroportos. A mediação foi conduzida por Cloves Benevides (Ministério dos Transportes), que defendeu o diálogo com operadores privados para viabilizar soluções em parceria com o poder público.

Valor da infraestrutura resiliente

Na segunda-feira (17), a CDRI promoveu o painel “Além da Redução de Riscos: desbloqueando o valor multidimensional da DRI para o desenvolvimento sustentável”, para discutir os benefícios econômicos, sociais e ambientais da infraestrutura resiliente. Erica Marcos destacou os impactos já sentidos pelo transporte brasileiro diante de eventos climáticos extremos e chamou a atenção para a ausência de cobertura securitária adequada: “Se um caminhão for furtado ou sofrer colisão, o seguro o cobrirá. Mas, se o veículo for levado por uma enchente, não há previsão. Esse é um desafio real que precisa ser enfrentado”, afirmou.

Ela também mencionou o estudo AdaptaVias, desenvolvido pelo Ministério dos Transportes em parceria com outros ministérios e instituições de pesquisa, que mapeia riscos climáticos sobre rodovias, ferrovias e portos.

O painel foi moderado por Kátia Queiroz Fenyves (BID) e contou com a participação de Cloves Benevides (Ministério dos Transportes) e Karen Silverwood-Cope (WRI Brasil).

Fonte: NTC&Logística / Foto: Divulgação

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