
Em debate organizado pela OIT, presidente Vander Costa destacou contribuições do SEST SENAT para a qualificação e a empregabilidade dos trabalhadores
A transição para uma economia de baixo carbono tem mobilizado governos e diversos setores na busca por soluções que reduzam o aquecimento global. O processo, no entanto, impõe desafios significativos, especialmente para o mundo do trabalho. A chamada transição justa depende da garantia de condições dignas de vida, sem prejuízos para trabalhadores, comunidades ou países inteiros.
Esse debate ganhou força na cúpula de Belém, impulsionado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), pela OIE (Organização Internacional de Empregadores), pela CSI (Confederação Sindical Internacional) e pela Comissão Europeia. As entidades promoveram, na quarta-feira (12), o “Dia do Brasil no Pavilhão da Transição Justa”, com a participação de representantes do Sistema Transporte (CNT, SEST SENAT e ITL) e do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.
O ministro defendeu que o tema deve ser tratado de forma concreta, com foco na preservação de renda diante do avanço da informalidade. “O debate passa longe do aspecto tecnológico. Essa é uma discussão eminentemente econômica”, disse. Ele também ressaltou a parceria entre o Ministério e o SEST SENAT (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) no programa Emprega Transporte, que conecta profissionais e empresas por meio de uma plataforma e de feiras presenciais. Na quinta-feira (13), Marinho visitou a Estação do Desenvolvimento, espaço do Sistema Transporte na Zona Verde da COP.
Durante o encontro, o presidente Vander Costa destacou iniciativas já em andamento nas unidades do SEST SENAT para preparar trabalhadores para novas demandas. “Estamos falando de uma realidade que já existe. Em nossas unidades, ofertamos, por exemplo, cursos de mecânica para motores elétricos. E a mecânica de refrigeração para esses veículos é ofertada como uma especialização. Observem que, para a manutenção, os carros elétricos exigem menos profissionais. Então, estamos atentos para requalificar os mecânicos que ficarem ociosos, oferecendo a formação de motorista”, afirmou.
Ainda na quarta-feira (12), a diretora executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, participou do “Painel OIT: formação e requalificação profissional para a transição justa” ao lado de especialistas do Dieese, da Agência Alemã de Cooperação Internacional e da OIT. “Antes de falar em transição tecnológica, eu gostaria de dar um passo atrás e falar sobre a transição humana. Para avançar nessa dimensão, precisaremos de trabalhadores e empresas preparadas. É preciso alinhar capital e trabalho”, iniciou.
Nicole apresentou a trajetória de mais de três décadas do SEST SENAT na qualificação profissional e destacou pontos essenciais, como:
Investimento: a (re)qualificação em massa depende de políticas públicas robustas e de um mix de recursos, incluindo aportes governamentais e financiamentos internacionais. As empresas não podem arcar sozinhas com esse processo.
Renovação da força de trabalho: é fundamental atrair jovens, atualizar trabalhadores experientes — considerando que os motoristas profissionais têm, em média, mais de 50 anos — e ampliar a participação feminina, garantindo igualdade salarial.
Vinícius Pinheiro, diretor da OIT no Brasil, complementou lembrando que os novos empregos “verdes” tendem a ser mais intensivos em mão de obra, mas, em muitos casos, menos remunerados do que os atuais, baseados em combustíveis fósseis. “A partir daí, surge a luta por empregos decentes. Precisamos ter políticas públicas e algo como uma proteção social universal que amorteça o impacto da transição”, afirmou. E concluiu: “Não é algo que acontecerá por força de uma mão invisível”.
Fonte: CNT / Foto: Divulgação

